terça-feira, 27 de março de 2012

Sobre o circo.

Circo

Tem gente que gosta de circo. Eu já gostei. Devia ter uns seis ou sete anos. E mesmo nesta época, também tinha algumas restrições.

Os palhaços nunca me seduziram. Triste confessar, mas é verdade. Suas caras pintadas mais me amedrontavam do que me faziam rir. Eu fugia deles. Sempre achei muito sem graça levar com baldes de água pela cara, dar e levar tapas na cabeça, entrar em carros que explodem, sofrer brincadeiras de mau gosto. Palhaços sofrem bulling de outros palhaços e as pessoas morrem de rir… Nunca gostei.

Eu gostava mesmo era dos trapezistas. Lá do alto me faziam parar de respirar por alguns segundos… Se arriscavam, se lançavam, embalavam meus sonhos de voar. Sempre desejei ter asas! E eles, de certa forma, tinham…

Tinha pena dos animais. Aqueles homens, com seus chicotes, faziam recolher-me no assento, a cada estalo que produziam. Doía em mim. Torcia para que as feras cumprissem o que mandava sua natureza! Seria uma justa vingança pelos maus tratos sofridos. Acreditem: com sete anos eu já pensava assim.

Também gostava do Globo da Morte e suas motocicletas ruidosas. Motores e velocidade sempre foram meu ponto fraco. Ou forte. Era muito bom ver sua apresentação. Naquela época, eu não imaginava o perigo real que corriam. Para mim, o número sempre iria dar certo… Acidentes eram para os fracos!

Mas de tudo que tinha nos circos, o melhor era a presença da minha avó Dora. Era ela quem nos levava. Quem comprava a pipoca. Quem animava as tardes dos nossos domingos. Só por ela, já valia ter ido a todos os espetáculos. Quem teve uma avó assim, sabe como é gostoso sentir esta saudade…

Quanto aos circos, continuo não gostando. Afinal não gosto quando me fazem de palhaça; de ter que viver fazendo malabarismos para o dinheiro render até o fim do mês e se arriscar, como quem anda numa corda bamba, para tentar ser feliz numa relação afetiva… (Normalmente se estabacando lá de cima, sem rede de proteção!)

Sem falar em ser enganada, como num passe de mágica, por quem a gente mais ama e confia… Além de ter que fazer contorcionismos para caber na calça jeans, do inverno passado!

Enfim… o circo todo é um espetáculo de ilusão! E eu prefiro a realidade de um bom prato de feijão na minha mesa, de preferência ao lado de uma boa companhia!

Fazer o quê? Sou assim!

Sou assim.

Um comentário:

  1. O único circo no qual ainda vejo magia é o da minha imaginação. Nele só tem malabaristas que parecem-se com obras de arte em movimento e os animais desenhados nas ilustrações dos livros: esses não sofrem e ambos agradam meus olhos e a imaginação de quem não deseja muito ser vista como adulta.
    Rita Alves

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