Há quase dois anos atrás escrevi um texto sobre as plataformas moodle, recurso imprescindível para quem estuda à distância. Trata-se do ambiente virtual onde o curso acontece. O aluno navega por ele, no seu próprio ritmo, seguindo o currículo que lhe é proposto pela instituição, no calendário disponibilizado.
Geralmente as aulas são preparadas por professores e inseridas por eles na plataforma, mas os alunos são acompanhados por tutores, uma espécie de segundo professor mais próximo do cursista.
O que mudou na minha opinião de lá para cá?
Nesse período, experimentei de forma intensa um curso EAD (Educação à Distância), tendo concluído a Especialização em Mídias na Educação, pela Universidade Federal de Ouro Preto, interagindo dia após dia, com a plataforma moodle da universidade. Tive que dominá-la! Questão de sobrevivência.
O primeiro e principal ponto é que não desisti. Comecei, segui e concluí a tão sonhada pós-graduação! Mesmo sendo uma dificuldade, e tendo trazido alguns percalços iniciais, fui me familiarizando com a plataforma moodle e, a cada aula, a cada tarefa, a cada disciplina, tudo foi parecendo mais simples e de fácil entendimento.
Só não consegui entender, até agora, é o porquê da existência da tutoria. Mais coerente (e recomendável) seriam os professores das disciplinas acompanharem seus alunos à distância, como o fazem os professores presenciais, sem intermediários. Correção de tarefas, de avaliações, a interação direta, esclarecimento de dúvidas não deveriam ser terceirizados (pelos tutores). Para mim, professores são fundamentais em qualquer modelo de ensino. Ninguém os substitui no processo.
Se o modelo EAD pressupõe extensão de carga horária ou alguma outra forma contratual diferenciada para esses profissionais, como pedagoga (e ex-cursista) recomendaria uma revisão no formato. Durante meu curso, nas disciplinas cujos professores foram mais próximos, por opção pessoal (e profissional), aprendi melhor! Fui mais feliz.
Ao contrário, nas disciplinas cujos professores fizeram questão de se manterem à distância e estabeleceram normas rígidas de relacionamento, sem querer se quer conhecer os seus alunos, enquanto pessoas reais, com suas especificidades e necessidades, tenho pouco a dizer. Mágoas talvez.
A verdade é que, depois de experimentar dois cursos superiores presenciais e uma especialização à distância, considero:
1. Que ambos as formas de apresentação dos cursos podem ser igualmente de boa qualidade, fornecendo uma boa formação ao aluno. Ou não. O fato único de serem presencial ou à distância não influencia diretamente na sua aprendizagem.
2. Que o papel do professor continua sendo de grande importância e insubstituível. Sendo facilitador, mediador, fomentador, esclarecedor, não importa. Mas ele precisa estar, caminhar junto, acompanhar o passo. De corpo presente ou através dos recursos tecnológicos (e-mail, mensagem, Whatsapp…).
3. Que a plataforma moodlle não é um bicho de sete cabeças. É possível navegar nela e desenvolver qualquer curso. Entretanto é preciso muita paciência e orientação ao aluno.
4. Que o aluno da EAD é um aluno diferenciado. Portanto é preciso valorizá-lo e romper com qualquer forma de preconceito. Todo aluno pode aprender! Basta que lhe ensine. A distância geográfica deve ser compensada com a presença afetiva e incentivadora.
5. Que a Educação à Distância veio para ficar. Junto com os avanços tecnológicos, é uma opção justa e necessária para democratizar o saber. Entretanto, pode e deve ser aprimorada para atender melhor ao seu público.
Uma conclusão
Durante esses quase dois anos, estive duas vezes em Ouro Preto. A pós-graduação também prestou-me este favor: conhecer essa magnífica cidade histórica e todo o conhecimento que ela acrescentou-me ! Porque a gente não só aprende nas linhas (e cliques do mouse), mas nas entrelinhas, espaços e pausas…
A gente aprende quando uma professora nos estende a mão, na hora em que pensamos em desistir… Quando uma tutora atende, prestativa, a nossa ligação, mesmo sendo num domingo à noite e nos apazigua o coração… Quando formamos um grupo de amigos, unidos, para discutirmos as melhores formas de voltarmos a sermos estudantes… Quando, finalmente, concluímos o curso e realizamos um sonho!
Comigo foi assim. Aprendi. Especializei-me. Cresci.
Realmente, nunca é tarde para voltar a estudar.
Quem sabe não chegou a sua hora?
(Dedicado à Professora Doutora Adelma Lúcia de Oliveira Silva Araújo, daquelas que fazem a diferença!)