Ele era apenas mais um menino de uniforme. Parecia tão igual a todos os outros. Era somente mais um Gabriel. Observando bem, não era tão menino assim. Com treze anos, já era adolescente. Meio alto, meio magro, olhar tímido e arredio. Foi levado para mim, pela professora preocupada. Conversa vai, conversa vem, Gabriel deixou-se ajudar.
Dificuldades com a língua portuguesa, quem de nós não têm? A questão é querer superá-las. Escrever é como treinar: quanto mais se pratica, melhor fica! Nossa língua é belíssima e, por isso mesmo, é cheia de regras. Precisamos aprendê-las, praticando sempre. Quanto mais sentido damos à língua, melhor. Em outras palavras, é preciso saber para quê aprendemos a ler e a escrever. Você sabe?
Quem gosta de navegar pela internet já sabe logo algumas das inúmeras respostas. Quem lê e escreve pode participar das redes sociais (orkut, twitter, facebook, sonico, badoo, msn…), fazer pesquisas, obter informações, jogos, realizar leituras dos mais variados tipos. São tantas as opções! Organiza listas. Confere cheques. Pega ônibus sozinho. Escreve bilhetes. Preenche fichas. E muito, muito, muito mais!
Quem domina a língua portuguesa tem o poder nas mãos. Consegue libertar-se com mais facilidade. Não se deixa manipular. Ao contrário, é capaz de modificar a sua própria vida para melhor e de toda a família, se quiser.
Conversei com Gabriel sobre essas coisas. Mostrei meu blog para ele, que olhou admirado. Doce Deni é fruto de algum trabalho, mas de muito prazer. É ele a minha ferramenta para ajudar a melhorar o mundo.
Sentei Gabriel ao meu lado e li, com ele, alguns dos meus textos. Depois convidei-o a escrever também. Helenice, sua professora de Português, já tinha lançado o desafio. Estava faltando a coragem. E ali, nasceu o pequeno e tímido texto, mas que já ocupará um lugar de honra neste blog. É o incentivo que o Doce Deni dá para todos que querem começar uma vida nova, especialmente no caminho do saber.
Parabéns para o Gabriel Barbosa Silveira, que não é mais um menino como todos os outros. É o aluno da 6ª série B*, escritor do texto abaixo.
O menino que ia para a escola.
“Um dia um menino pela primeira vez foi para a escola. Ele estava todo tímido. Os alunos da escola só implicavam com ele. Um dia ele não aguentou mais. Ficou tão nervoso que deu um soco na cara de um menino que só implicava com ele. Então o menino pediu a mãe para sair da escola e ir para outra escola. Aí ele foi para outra escola. Chegando lá, já estava ansioso. Viu os colegas e ele falou um monte de vezes que nunca mais iria reprovar. Ele só estudava o dia inteiro. E ele nunca mais reprovou mesmo, nem os colegas. Em um certo dia, a professora de Português falou para ele responder e ele não falou nada. Então ela mandou ele para a Pedagoga. Ele chegou lá e reconheceu que precisa estudar mais para ser alguém na vida.”
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Na cabeça de menino passa tanta coisa, não é? E a gente só consegue perceber isso porque sabe ler e interpretar o que está escrito…
(*Gabriel é aluno da EMEF Maria Leonor Pereira da Silva, Vitória, ES.)