sábado, 8 de janeiro de 2011

8 de janeiro de 1969.

Poderia ser uma data como outra qualquer. Mas longe disso. Uma data que mudou a minha vida definitivamente. Nesse dia, o céu ganharia mais uma estrela. Ou o mar. Meu pai foi embora desse mundo.
Uma doença que já matava, tal como hoje em dia, foi a responsável. Um jovem descendente de italianos, frequentador das praias cariocas, debaixo de todo o sol, sem proteção; loiro, olhos azuis, pele muito clara. Resultado:Tumor maligno. E lá se foi o jovem, deixando sua família aqui na terra.
Eu, a filha mais velha, com apenas sete anos e Simone, com dois. Duas filhas e nenhum pai. Uma mãe jovem e despreparada. Mas o pior de tudo era o “casaquinho de piedade” que as pessoas teimavam em nos vestir. “Coitadinhas, as filhas do falecido Luiz”. Sei que não faziam por mal. Mas isso tornava minha dor infinitamente maior. Deixei de ser Denise e passei a ser um rótulo.
Hoje isso é apenas lembrança, daquelas que gostaria de esquecer. Fazem quarenta de dois anos desta terrível data. Ele não me viu crescer. Não acompanhou minhas vitórias. Não me deu seu ombro pra chorar, nas derrotas. Não entrou comigo na igreja. Não segurou na minha mão quando meus filhos nasceram. Nem lerá os textos desse blog. Nem este. Também não o vi envelhecer…  Coisa tão injusta!
Que fiquem apenas as boas memórias! Como do assobio no portão, quando chegava em casa, das partidas de dominó, das risadas durante o Picapau na tv, dos desenhos de automóveis que ele mesmo fazia, das fantasias durante o carnaval, da torcida pelo futebol tricolor das Laranjeiras… Estas aquecem o coração de filha apaixonada!
Que sejam apenas doces as palavras, como essas que sempre quis dizer:
- Amo você, pai. Pra sempre.

3 comentários:

  1. Nossa! Não concordo com você, eu acho que seu pai,(de alguma forma), esteve presente em sua vida esses anos todo, na sua e na da sua irmã... De longe, do alto, sei lá...Mas esteve, obviamente não da forma que você gostaria, e da forma que seria "justa", mas Deus tem propósitos que nossa mente limitada desconhece, tenho certeza que além de tudo,seu pai tem muito orgulho das filhas maravilhosas, que ao contrário que você imagina, viu crescer sim! E esteve presente em todos os momentos da sua vida. "Vivemos no mundo do irreal onde tudo o que vemos é somente uma sombra... Nossa mente é limitada pra entender determinados acontecimentos. O que agora vemos é como uma imagem imperfeita num espelho embaçado, mas depois veremos face a face..." ( Isso é bíblico). A propósito este seu texto é lindo, uns dos mais lindos já postado neste blog!

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  2. Faço minhas as palavras muito bem ditas de seu amigo Vander.
    Por falar nisso eu ia justamente postar algo bem parecido com o que ele disse quando abri pra comentar e li o que ele comentou.

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  3. Obrigado Rosi Assumpção, é porque temos na Denise um exemplo de pessoa, então acho que além de nos dois, deve ter mais umas dezenas, talvez centenas de pessoas que compartilham dessa idéia...Bjos!

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