Sobre professores e educadores

E então eu chego em casa, ligo o computador e entro no Facebook. Hora de relaxar, após um dia inteirinho de trabalho dentro de duas escolas, respirando ares pedagógicos, dividindo suores e sonhos, contribuindo para a construção de futuros…

Mas ao invés da costumeira sessão de abobrinhas divertidas e maravilhosas para desestressar, dei de cara com um comentário e uma citação de Thalita, uma das melhores professoras de Inglês que conheci. Moça nova, quase menina, mas que já bate um bolão em matéria de ensino.

Copiarei para vocês o que Thalita escrevera:

“Eis-me aqui estudando e de repente me deparo com uma afirmação linda que me emocionou: “Educadores, onde estarão? Em que covas terão se escondido? Professores, há aos milhares. Mas professor é profissão, não é algo que se define por dentro, por amor. Educador, ao contrário, não é profissão, é vocação. E toda vocação nasce de um grande amor, de uma grande esperança” (Rubem Alves, 1982).”

E logo abaixo, na primeira linha, um questionamento:

“Concorda, Denise Pazito?”

Fui desafiada. Alguns apressadinhos já haviam feito seus comentários. Li e reli todos eles. Porém nenhum contemplou o que eu gostaria de dizer…

A tal comparação entre professor e educador, feita por Paulo Freire, há tantos anos, sempre me incomodou, desde os bancos da Universidade.

Todo mundo, naquela sala de aula de Pedagogia, lia e deliciava-se naquelas palavras profundas! Comentavam, elogiavam, dissertavam por horas… Mas eu, confesso, nunca gostei! Guardei, em segredo, meu posicionamento. O silêncio dos humildes… 

Mas agora, estávamos ali, novamente, eu e Paulo Freire, para discutirmos a questão. Era chegado o momento de dizer que discordo totalmente dessa diferenciação entre professores e educadores…

Respondi, então, para Thalita e meio mundo, o que eu realmente acredito. Tantos anos depois, daquelas aulas na Universidade, mais de trinta dentro do Magistério, permitem essa minha pequena audácia. Pois todos esses anos apenas serviram para reafirmar meu pensamento.

E eu escrevi:

“Professor é, por essência, educador. Não é diferente. Bons e maus, com certeza, existem, como em tantas outras profissões. Acontece que os maus, neste caso, deixam sequelas terríveis... Mas, felizmente, não são a maioria. Quem é professor, já nasce professor. Dá aula para as bonecas, quando criança. Curte brincar de “escolinha”. É inegável a vocação!

Como em toda profissão, é preciso afinidade, talento, dedicação. Só que professores trabalham com o bem mais precioso de uma civilização: as crianças! Em outras palavras, a construção do seu próprio futuro.

Formar está muito além de informar. É isso que os mestres fazem. Prefiro falar dos bons, porque são a maioria. Prefiro falar daqueles que amam e valorizam o seu trabalho. Daqueles que aprendem, enquanto ensinam e, com isso, se aprimoram a cada dia. Hoje, são melhores do que ontem. E amanhã, certamente, serão melhores que hoje.

Ainda bem que no meu caminho passaram muitos professores dos bons. E de todos eles guardei um pouco. Por isso amo o que faço... "A metade de mim é amor. E a outra metade... também!!! (Oswaldo Montenegro)"

E lá fui eu, sem perceber, de volta ao trabalho nas escolas…

Quer saber? Meu trabalho me faz feliz!

De verdade.

Thalita, você já é uma grande professora!

 

Requisito fundamental: amar incondicionalmente o que faz!