segunda-feira, 14 de julho de 2014

Meu avô Manoel

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A gente é um pouco o pai e um pouco a mãe, quer queira, quer não queira. A famosa herança genética. Mas levando-se em consideração que nossos pais também são um pouco de seus pais e de suas mães, logo, também somos um tanto de nosso avós. Que bom!

Talvez tenhamos a candura da vovó, o gosto para as artes manuais, a esperteza do vovô, a habilidade e a agilidade na dança… Os olhos puxados, o cabelo ondulado, a pele morena, o temperamento intempestivo. O riso maroto, o piscar agitado, o suor na palma das mãos, a paciência infinita. E, talvez, nunca saibamos que tínhamos alguém bem parecido conosco na família… Morreram bem cedo!

Perdi meu avô quando tinha oito anos. Era brasileiro, carioca, mas era filho de português. Chamava-se Manoel Ferreira Alves.

Convivi pouco, com ele. Das parcas lembranças que ainda trago, as mais marcantes são exatamente do dia da sua morte. Daquela correria que encontrei em casa, quando voltei da missa, na manhã de domingo, e ele não estava mais lá. Não nos despedimos. E a sua cama vazia, com o colchão molhado (e que até hoje não sei por quê), nunca esqueci… Mas ainda dói lembrar.

Acho que eu era parecida com ele. O formato do rosto, dos olhos, os traços fisionômicos. Não existem muitas fotos. Mas, nas poucas que encontrei, me vejo naquele olhar tímido. Não tenho certeza. E não existem mais muitas testemunhas…

O fato é que eu tenho um orgulho danado de ter esse sangue português, também, nas minhas veias de brasileira miscigenada.

E, especialmente hoje, que seria o aniversário do meu avô Manoel, meu coração está apertadinho, cheio daquele sentimento chamado saudade, mas que nesse caso, também pode ser chamado de Amor.

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(Meu avô era dono de uma mecânica, no Engenho Novo/RJ, uma pequena indústria que fabricava máquinas (e peças) para padarias. E eu consegui esta relíquia, com que patrimoniava seus produtos, há muitos e muitos anos atrás!)

4 comentários:

  1. Caramba Denise,como você achou essa placa?Muito legal.

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    1. Acho que estava com a minha mãe. Está comigo há anos... Guardo com muito carinho, afinal meu pai também trabalhava lá. Beijo.

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  2. Tio Manoel era um ser tranquilo, quase "zen" como diríamos hoje. Ele era habilidoso com as mãos, ao contrário do meu pai. Quando o tio convocava o papai para algum trabalho, ele pegava logo um banquinho para sentar (ele sabia que ia ser difícil se livrar de um serviço que ele detestava). E o tio Manoel dizia: " ih, nem começou a trabalhar e já quer sentar, começou mal!"
    Sem dúvida, temos traços comuns, o tal DNA. Quando olho para Isadora (filha do Luiz Eduardo) sempre vejo traços da Simone, pois ainda que não sejam parecidas, fica alguma semelhança, talvez o olhar ; quando olho suas fotos também vejo traços meus, ainda que longínquos. É como um aroma do sangue italiano que não evapora ou, talvez, ainda mais distante, do sangue alemão que vovó Gilda dizia que existia na família. Apesar do tipo italiano mais moreno e baixo da maior parte dos filhos, a filha mais velha, tia Dora (sua avó) e a filha mais nova, mamãe tinham o mesmo tipo físico: claras e mais altas. E na terceira geração vieram os lourinhos de olhos claros: eu, Luiz, seu pai, e Sergio seu tio. Estes aromas são persistentes. Beijo prima.

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    1. O aroma persiste e vai além das aparências. Temos um pouco de todos em cada um. Somos o resultado dessa soma, melhor dizendo, dessa mistura, que se traduz: no jeito, no trejeito, na garra, na farra, na ginga, na marra, na brasilidade incontestável, apesar dessa raiz que veio de fora. Êta, gente porreta!

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