Mesmo morando há muitos anos no Espírito Santo, só agora me dei conta que a maioria dos capixabas referem-se às árvores do pomar como “pé de alguma coisa”. Por exemplo, a mangueira é “pé de manga”. O mamoeiro é “pé de mamão”. O limoeiro é “pé de limão”. O abacateiro é “pé de abacate”. E por aí, a fora.
Eu, como nasci e cresci no Rio de Janeiro, me acostumei a usar os nomes das árvores: mangueira, mamoeiro, limoeiro, abacateiro. Não que isso faça alguma diferença, mas achei interessante terem se passado tantos anos, imersa nessa cultura, e só agora prestei a atenção neste detalhe!
Tudo porque resolvi plantar um abacateiro, aqui em casa.
Há uns meses atrás, havia comprado um abacate no supermercado, que viera cortado ao meio, numa bandejinha de isopor. Na hora de pagar, a moça do caixa mostrou-me que a semente já estava germinando e disse que era só plantar que o “pé de abacate” pegava!
Fiquei com aquilo na cabeça. Enquanto comia o abacate, fiquei lembrando do abacateiro que tínhamos na casa da Ilha do Governador. Cresci comendo daquela fruta maravilhosa. Dava cada abacatão!
Abacate cortadinho com açúcar, com limão, passado na peneira, batido com leite no liquidificador. Sorvete de abacate. Abacate na salada. Um festival! Geralmente, isso acontecia durante o verão, quando o passávamos lá na casa da Freguesia.
Lembro que a Vó Dora reclamava da sujeira que o abacateiro fazia, pelo quintal. Mas todo mundo pegava na vassoura e ajudava na limpeza. Afinal, era mesmo folha para todo lado. E como o abacate não amadurece nos galhos, era preciso retirá-los assim que o primeiro caía pelo chão. Era outra farra para colher as frutas.
Lembrar do abacateiro da Ilha, só aumenta a expectativa com o meu próprio abacateiro, que resolvi, então, plantar, num vaso de barro e que pus na grade da janela, da área de serviço. Sei que o local é totalmente impróprio, mas quando ele virar uma muda de uns quarenta centímetros, trarei de replantá-lo num outro lugar, mas sempre perto de mim.
Desejo, de verdade, que ele cresça e que dê muitos frutos. Não tenho nem ideia de quanto tempo isso levará, mas, com certeza, irá alegrar muitas crianças e muitas famílias, algum dia. O abacate é uma fruta muito nutritiva e, sabendo dosar, só faz bem!
(Informação: http://uenfciencia.blogspot.com.br)
O meu “pé de abacate”, que nasceu capixaba, se transformará, sem dúvida, num enorme abacateiro, tal qual aquele da Ilha do Governador, que povoou os anos da minha infância. Em comum: eu, aquela menina, agora crescida, mas que conserva a mesma disposição para pintar o sete, inventar alguma moda, escrever tudo em textos ou plantar árvores, num vaso qualquer.
Pronto! Já tive filhos, já plantei uma árvore, agora só falta escrever um livro. Será que escrever num blog conta???
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