Sinto falta de você.
Não devia. Não queria. Mas aquele sorriso largo deixou de iluminar meus dias e agora vivo na penumbra...
Sinto falta de lhe esperar. Do telefone que não tocava. Das horas em que você não vinha.
Sinto falta dos momentos gostosos que rechearam nossos encontros. Saborosos!
As conversas ao pé do ouvido. Os segredos e as confidências, que já nem lembro mais, mas que foram tão importantes...
Eu que já soube tanto de você...
Já soube de cor todos os sinais espalhados pela sua pele clara.
Todas as multas de trânsito e todos seus pontos fracos.
Eu que lhe admirei e tive tanto orgulho de você! Ficava embebecida ouvindo você falar. Acreditava e até poria a mão no fogo, pelas suas verdades!
Eu que não era quase nada sem você.
E que fui sua melhor amiga...
Estive do seu lado como uma leoa a vigiar seu sono. E nem pestanejava, se preciso fosse, em sair, ferozmente, em sua defesa.
Eu que praguejei, esperneei, sufoquei todo meu melhor sentimento, no dia que você disse que seria o nosso fim. Calei o choro. Chorei um grito.
Mas hoje eu sinto falta de você...
Ridículo!
Todas as cartas de amor...
(Fernando Pessoa)
Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)
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