sábado, 9 de novembro de 2013

Tão tarde…

envelhecer

A vida da gente muda tão rapidamente que nem damos conta de nos adaptarmos à nova realidade e ela já mudou!

Um turbilhão de acontecimentos, confrontos, encontros e desencontros! O cotidiano acontece no intervalo de duas noites de sonho.

A roupa nova fica velha. O sapato gasta e fura. As sacolas vêm cheias do supermercado, acompanhadas dos bolsos vazios. Depois seguem cheias de lixo para a lixeira do prédio.

O despertador toca cinco vezes por semana, enquanto sonhamos com o sábado que custa a chegar. Quem chega são as contas a pagar! A papelada se amontoa em cima da cômoda. O dinheiro que entrou, já saiu. E a gente se põe a esperar o pagamento do mês seguinte… Que ilusão!

A internet ajuda a passar o tempo. Os jornais. As novelas. As panelas. A quantidade de arroz que queimou! Novamente chega a hora de fazer a janta. Todos os dias.

O telefone toca e a atendente desmarca a consulta. O médico descredenciou. Mas nem há tempo para marcar um outro (para daqui a dois meses) porque o filho quer a janta na mesa. E no corre-corre pelos cômodos da casa, vai a nossa juventude. Vêm as rugas e a rigidez do cristalino.

A vida passa mesmo muito rápido!

Trabalhamos tempo demais. Nos aborrecemos por muito pouco e não conseguimos mudar! Ofendemos. Cometemos injustiças. Pecamos. Morremos por dentro. Sentimos saudades… Gastamos tempo demais esperando pela manicure. Nas filas dos bancos. No aperto dos ônibus.

Os vizinhos vêm e vão. Os problemas se renovam. As palavras são ditas. Muitas malditas. Outras benditas. Bem-vindas. Faladas. Cantadas. Jorradas! Desperdiçadas.

Amor de fotografia 3x4 na carteira. Amor de beijo escandaloso. Amor morno e manso. Amor sem amor, só aparência. Amor sobrevivente. E quando a gente vê, nem mais Amor…

O tempo passa rápido, tão rápido, que nem damos conta de quantas vezes choramos, sorrimos, dormimos e acordamos. Quantos fotos que amarelaram, quantas roupas não nos cabem mais. Esquecemos nomes. Esquecemos pessoas. Esquecemos.

Apenas vivemos. Respiramos. Corremos. E, quando percebemos, é tarde demais…

Acho que já é tarde demais.

FIM

Um comentário:

  1. Que texto incrível!!!

    Nos faz refletir sobre o que fazemos de nossas vidas e até que ponto somos protagonistas da nossa história, às vezes me parece que somos meros figurantes de nossa própria vida.

    Parabéns, pela brilhante poesia da vida real... "O cotidiano acontece no intervalo de duas noites de sonho".

    Abraços!

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