(Por Vinicius Leite Zambelli*)
“A mulher caminha solitária em direção à ponte. Está decidida a se matar. Vai se lançar ao mar, a exemplo de tantos outros que se atiraram para a morte daquele lugar. É quase noite. Ela chora. Tem muitas dúvidas, muitas dores. Devagarinho começa a subir a ponte. Os carros passam. Está confusa, triste, deprimida e acredita que só a morte acabará com o sofrimento.
Caminha para o momento derradeiro quando percebe algo diferente no parapeito da ponte: mensagens. Seriam para ela? Na medida em que caminha surgem frases otimistas em textos luminosos: “Os melhores momentos da sua vida ainda estão por vir”; “Se você precisa tirar algo do seu peito, por que não fala conosco?”; “O momento difícil vai fluir como o rio flui para o mar”.
Confusa, a mulher chora. As mensagens trazem alento. O coração se enche de dúvidas. Ela então se convence que o suicídio não é a melhor opção, a exemplo de outras pessoas que se sensibilizaram com as mensagens e decidiram viver. A mulher está na Ponte Mapo, em Seul, na Coréia do Sul. Depois das mensagens, o local, conhecido como Ponte da Morte, passou a ser chamado Ponte da Vida.
A ideia é genial e eficiente. Foram espalhados sensores de movimentos e luzes de LED ao longo da ponte. À medida que a pessoa caminha, mensagens vão surgindo. Com isso, o índice de suicídio no local diminuiu 85%. Na verdade, suicidas não querem realmente morrer, querem somente acabar com sua dor. Existe prevenção em mais de 90% dos casos. Quando conseguem apoio, tendem a desistir do ato.
Por isso, o Centro de Valorização da Vida (CVV), instituição que trabalha na prevenção do suicídio no Brasil, vê como muita preocupação o fato da Terceira Ponte, que liga Vitória a Vila Velha, ser local de tantos suicídios. É preciso criar mecanismos que desestimulem as pessoas de se atirarem para a morte. Quando encontra dificuldade em cometer o suicídio, a pessoa pode abandonar a ideia.
Existem caminhos para a prevenção e o CVV se coloca à disposição para debater o assunto e buscar soluções. O tema é muito grave: o suicídio mata mais que as guerras. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, em 2012 – último ano em que os dados foram consolidados -, 804 mil pessoas tiraram a própria vida no planeta. Já o número de óbitos registrados por homicídios ou em conflitos armados chegou a 437 mil.
O CVV entende que é preciso agir na Terceira Ponte. Caso contrário, continuaremos em silêncio a observar cada vez mais pessoas se atirarem para a morte... Quando deveriam se atirar para a vida.”
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