Vila Velha, 29 de julho de 2015.
Querida Vó,
A saudade é grande! Eu poderia dizer que hoje completam vinte e um anos que nos deixamos de ver, mas seria mentira…
Tenho comigo alguns retratos e não há um só dia (e uma só noite) que eu não olhe para você me olhando… Tenho decorado todos os seus cantos, mas principalmente os seus encantos, que me eram tantos...
Tanta coisa aconteceu nesse tempo distante. Gente nossa morreu, mas, principalmente, gente nova nasceu na família. Com certeza, você já conhece de longe. Eu só sinto por eles nunca terem tido um bolo seu, nos aniversários... Nem puderam vestir os casaquinhos e os sapatinhos de tricô, quando eram bebês… Saiba que isso lhes fez muita falta!
Eu poderia escrever tantas coisas sobre mim... Mas basta dizer só isso. Estou na vida. Estou na luta. Movida pela fé e pelo amor. Trabalho muito. Dou conta do recado. Encaro. Às vezes sopro, às vezes mordo. Dou consolo, dou meu ombro, dou abraço, dou de mim. Quase nada vem em troca. Só o mundo!
Na verdade, me transformei na mulher que você foi: guerreira! Mãe amorosa e dedicada. Flagro-me agindo como você agia. Reconheço suas ações e reações... em mim. Missão cumprida, vó! Acho que deu certo. Você preencheu a lacuna deixada pela falta do meu pai... Com louvor.
Mas, aqui entre nós, sem você, sinto-me eternamente só...
Um dia a gente vai se encontrar. É o que me consola.
Amor eterno,
Doce Neta
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