E o barco partiu. Chegou a hora. Agora só o céu, o mar e o pescador. O destino é a eternidade. Sem volta.
Existia um menino dentro daquele homem, daquele pai. Era um menino sonhador. A cabeça nas estrelas, se ocupava em fazer planos. Queria ter um barco e navegar livre sobre as ondas do mar… Queria seu próprio tempo. Queria a liberdade das gaivotas.
Um dia comprou o esperado barco. Deu nome de “batismo”. Fez limpeza. Fez reforma. E fez uma, duas, sete, vinte viagens. Mais de cem. Trouxe peixes. Fez amigos. Encarou o frio e as ventanias. Teve o rosto e toda a pele queimados pelo sol. E, quando ia, tinha sempre o largo sorriso a lhe enfeitar o rosto. E a mulher, preocupada, esperava ansiosa a sua volta.
Aquele homem, que tinha nome de rei, era mesmo do mar! Um lobo.
E assim a vida foi passando… Tocava o barco, enquanto embranqueciam os cabelos. E quando ficava na terra firme, via os filhos crescerem. Viu também os netos. De vez em quando, parava para apreciar sua melhor obra: a família, que nunca abandonou, nem quando passava dias e dias, na labuta… Levava-os no pensamento.
Nabucodonosor era o seu nome. Um nome grande e pomposo, que nada combinava com a simplicidade do seu coração e das suas sandálias. Talvez sua verdadeira majestade estivesse no seu caráter, que era percebido através da doçura do seu olhar. Um homem de bem. Um lobo-do-mar.
Há poucos dias partiu, sem volta. Já cansado, perdeu a briga. Mesmo cercado de atenção e carinho, o velho lobo tomou seu rumo. No cais da vida, celebrou-se a partida com lágrimas de saudades.
Nabuco já está fazendo falta…
Ao meu amigo, a minha homenagem. Aos que ficaram, o meu melhor abraço.
Valeu a pena!
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