A doença é silenciosa. Dá alguns sinais que a maioria das pessoas não compreende. Começa a emagrecer e até fica feliz: “Oba! Estou entrando naquela calça!” Mas junto com a calça que não entrava mais, vem uma sede interminável... As visitas ao banheiro aumentam em quantidade. Algumas pessoas até fazem xixi na cama! E colocam a culpa no sonho: “Sonhei que estava indo ao banheiro, daí...” A visão fica meio desfocada. Tudo isso junto é sinal de alarme: sua glicose pode não estar sendo mais metabolizada!
O que pode ser? Diabetes!
Foi deste jeitinho que apareceram os sintomas da doença no meu filho, com onze para doze anos. O emagrecimento, para nós, era devido ao crescimento, associado ao esporte... Para cada coisa, a gente tinha uma explicação! Até que uma manhã, ele não levantou mais da cama. A taxa de glicose, em jejum, estava em mais de trezentos!!! Direto para o hospital.
Foram dias duros. Glicose muito alta (ou muito baixa) também ataca o sistema nervoso. O cérebro não funciona direito. As reações e comportamentos ficam alterados. Nós chorávamos. Rezávamos. Torcíamos para não ser verdade... Mas era. Daquele dia em diante, nossa vida não seria a mesma.
Uma semana no hospital, sob os cuidados da médica endocrinologista e da nutricionista. Um mundo novo, desconhecido e desafiador descortinava-se para nós!
A nossa volta para casa assemelhou-se a uma saída da maternidade com um recém nascido no colo. O primogênito. O mesmo desconforto e a mesma sensação de impotência. Como seria dali para frente?
E tudo mudou mesmo. Pudins de leite condensado não moram mais na nossa geladeira. Nem biscoitos recheados e outras guloseimas não diets. Uma coisa aprendi rapidamente: não existe o diabético na família, mas sim a família diabética!
Para abastecer a despensa e a geladeira, percebi a importância de se ler os rótulos dos alimentos. Quase tudo contém açúcar! Mas, por outro lado, verifiquei, também, a grande variedade dos produtos diets, à nossa disposição. Infelizmente, com um custo maior. Bem maior...
Aos poucos, fomos aprendendo a nos adaptarmos àquela nova realidade. A cada dia uma nova informação e descoberta. Após três anos, convivendo, patrocinando, coordenando, incentivando e procurando facilitar a vida de um insulino-dependente (que é a razão da minha vida), posso garantir que acumulamos experiências e conhecimentos fundamentais para a melhoria da nossa qualidade de vida. E ainda mais, meu filho tornou-se campeão no basquete!
Que é duro, é. Difícil também. Mas é possível levar uma vida saudável e feliz!
Para o amor de mãe, é apenas mais um desafio. A gente nunca foge da raia.
É razão da minha vida também.
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