(Imagem: Robert Weigand)
Tenho andado ocupada. Muito. Tanto, que nem tenho tempo de olhar as horas… Nenhum marcador de tempo oficial.
Percebo a passagem do dia pelo tanto de vezes que sinto fome, que bebo água, que vou ao banheiro... Embora entenda que deveria cuidar mais de mim. Faltam intervalos, oportunidades.
Quando olho pela janela é dia; quando olho outra vez, anoiteceu. Era verão, já outonou e é quase inverno... E o ar condicionado, configurado na mesma temperatura, nem permite que eu perceba essa mudança. Todos os dias faz 21 graus. E todas as noites. A boa notícia: ainda não gripei.
A vida de todas pessoas é assim tão corrida? Nem sei... Não tenho tempo de observar. Nem leio mais jornais.
Chega o dia do pagamento e o salário passa pela minha conta e se vai rapidamente nos pagamentos feitos. De repente, subitamente, um novo pagamento... E outro. E outro. Lá se vão os meses. E vem o décimo terceiro salário junto com aquela sensação: “Deus do Céu! O ano voou! É dezembro!”
E eu não vi! Tenho andado ocupada pela vida toda. Penso que, pelo menos, deveria escrever um livro: foram e são tantas experiências! Só que, pena, não tenho tempo...
Morro e levo tudo comigo. E, aí, terei a eternidade para lamentar o meu "não viver".
Preciso curtir mais a vida.
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