quarta-feira, 23 de abril de 2014

Nossa religiosidade

A gente aprende as primeiras lições sobre a vida, dentro de casa. Não há dúvida, que antes mesmo de entrar para o Jardim de Infância (ou seja lá qual for o nome da moda, para a Educação Infantil), já colecionamos uma série de informações, que terão grande importância na formação da nossa personalidade e do nosso caráter. Com a religiosidade, funciona assim.

NSCC

Minha família é católica. Trago algumas recordações das missas dominicais, que frequentávamos, na Igreja Nossa Senhora da Consolação e Correia, que ficava (e ainda fica) na Rua Barão do Bom Retiro, no Engenho Novo. Mas, acreditem, recordo dos bancos lisos de madeira, envernizados e enormes, do tamanho grandioso do templo, da altura “exagerada” do teto, da roupa caprichada com que minha mãe me vestia… Coisas que passavam na cabeça de criança, durante o rito católico. Nada mais.

Da religiosidade verdadeira, tenho outras lembranças.

Minha avó era uma pessoa de fé. Tinha um pequeno altar em sua casa, com algumas imagens de santos. Eu gostava de apreciá-los. A santa de sua maior devoção era Santa Bárbara. Sempre falava sobre seus feitos e seu poder no controle das tempestades. Eu aprendi a admirá-la!

Ela também tinha uma coleção de santinhos de papel. Alguns eram lembranças oferecidas em ocasiões de batizados ou primeiras eucaristias. Outros traziam orações. Eu gostava de manuseá-los, ler as orações, fazer secretamente os meus pedidos. Eu sabia que Deus gostava de atender os pedidos das crianças… Alguém havia dito.

santinhos

Mas, de todas essas relações que fui estabelecendo com a religiosidade, a maior de todas elas, acontecia, diariamente, no cair da noite. Exatamente, às seis da tarde, quando Júlio Louzada, rezava a Oração da Ave Maria, na Rádio Tupi, do Rio de Janeiro. E, em seguida, a Oração do Menino Jesus de Praga. Minha avó parava tudo para orar. E eu e minha irmã parávamos tudo, também, para acompanharmos, junto com ela e com Júlio Louzada. Era um dos momentos mais importantes do dia…

E foi um dos momentos mais importantes da minha vida! Tenho certeza que, mais do que ter frequentado as missas, conviver com minha avó, me fez ser uma mulher de fé. Mais que isso, uma pessoa com valores! E isso me faz muito feliz e realizada... Pois a fé, realmente, não costuma falhar…

Cresci e o pequeno altar não está mais na casa da minha avó. Está na minha casa. Todas aquelas imagens, e muitas outras, vivem conosco. A coleção de santinhos ainda existe, em parte. Bastante desbotada. Bastante amarelada… Mas as recordações que guardo são muito vivas! Fazem parte de mim.

Lembrei desta passagem da minha história, porque hoje é dia de São Jorge!

Sinto-me armada como uma guerreira e pronta para a luta do dia a dia. E protegida sempre. Porque o importante é ter fé! E eu tenho de sobra.

Amém.

Imagem_de_São_Jorge

Obrigada, vó. Por mais essa!

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