quinta-feira, 9 de maio de 2013

Tão jovem…

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Triste constatação: muitos pais rejeitam ou abandonam seus filhos, mesmo ainda no ventre materno. Motivos eles apresentam de sobra: sentem-se jovens demais, despreparados, imaturos para tamanha responsabilidade, não querem perder a liberdade, não querem estabelecer vínculo, duvidam da integridade da mulher e desconfiam da paternidade... São inúmeros os argumentos!

A verdade é que para o homem se tornar pai, basta uma ejaculação no interior do corpo feminino, durante o seu período fértil. Simples assim. Não há necessariamente qualquer envolvimento emocional. Nem antes, nem depois. O que pode fazer, e faz, a diferença é o seu caráter, os valores adquiridos pela educação familiar, sua história de vida, sua hombridade...

E é por tudo isso, que eu sofro com a falta do meu pai, que deixou-me contra sua vontade. Morreu com apenas trinta e um anos. Um pai presente e apaixonado pelas duas filhas tão pequenas.

Filhas que foram desejadas, celebradas. Filhas por quem zelava, cuidava com todo o mimo e dedicação. Filhas que ele amava e considerava como seu maior tesouro. Um bom pai.

Meu pai ficou muito pouco conosco. Mas ainda assim, povoa todas as minhas melhores memórias da infância. Era um camarada alegre, brincalhão, amigo de todos, figura popular e muito querida no bairro.

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Era um entusiasta pela vida. Gostava do mar, de barcos, de carros, de jogos de dominó, de construir balões enormes (há mais de quarenta anos atrás, não era proibido!). Era tricolor das Laranjeiras!

Quando pequenino sofreu com a paralisia infantil e frequentou a fisioterapia por logos anos. Ia de bonde, levado pela mãe, minha avó Dora. Com o tempo, recuperou os movimentos, mas a doença deixou algumas sequelas físicas. Nada que o fizesse menos bonito por dentro e por fora!

Mas…

Um melanoma acabou com esta história que estava apenas começando! Sem chance. Sem dó. E fez surgir duas órfãs.

Uma delas sou eu.

Não há um dia, que eu não sinta sua falta. E fico pensando como teria sido a minha vida, tendo meu pai ao meu lado... Tenho certeza que tudo seria muito mais fácil e muito melhor.

Sinto falta do seu colo, do seu ombro pra chorar, da sua mão para segurar a minha, da sua boca para beijar-me a testa.

Uma filha sem pai é como um carro sem as rodas originais. A gente coloca outras no lugar e anda. Cambaleia. Titubeia. Cai. Levanta e vai. A vida empurra. O vento leva.

Hoje seria o aniversário dele. Faria setenta e seis anos. Que pena! A vida tirou do meu pai o direito de envelhecer.

Morreu tão jovem...

“Todos os dias quando acordo, não tenho mais o tempo que passou…”

filhas e pai

3 comentários:

  1. Show , show , muito lindo Denise , parabéns por esse amor , um grande beijo .

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    1. Que bom que gostou! Um amor que não se mede, que não tem fim.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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