Descobri meu maior medo, no futuro. Até maior que a solidão… Perder a sanidade! Descobri este grande pavor do pior jeito: perdendo alguns dos meus amigos mais normais, para a loucura!
Eram pessoas comuns, como eu ou você, com defeitos e qualidades… Mas eram lúcidos. Eram inteligentes. Podíamos manter qualquer conversa, sobre qualquer assunto…
O tempo passou. A vida levou cada um para seguir seus próprios caminhos e cumprir suas próprias provações…
De repente, num almoço qualquer, encontro um amigo que há tempos não via e, num papo animado, percebi que tinha algo errado com ele. Contando-me sobre uma consulta médica que fizera, enriquecera a história, com detalhes extraordinários… Olhei de soslaio para minha mãe, que me retribuiu com uma piscadela de cumplicidade. Gelei! Engoli em seco. Senti um fervor no estômago. Perdi o apetite.
Meu amigo, hoje, está na UTI, de um hospital local, em estado grave, com uma enfermidade no cérebro… Sente dores fortíssimas e é mantido sedado. Até chegar neste estado foi perdendo, pouco a pouco, a razão. Tornou-se agressivo, não reconheceu nem mais os familiares… E era era um homem bom. Participativo na igreja. Caridoso. Pai exemplar. Profissional dedicado. Alguém com quem podíamos contar… Quem explica?
Hoje, encontrei uma outra amiga, na rua. Quando me viu, quase atravessou na frente dos carros para vir até a mim. Estranhei. Não era do seu feitio. Numa fala arrastada, perguntou se eu ia para o centro da cidade (estava ao lado do Shopping). Depois perguntou se eu estava morando ali (moro aqui há anos e ela sempre soube disso!). Minhas pernas cambalearam! Estava acontecendo de novo!!! Entrou por uma conversa atravessada, alternando coisas com sentido e outras totalmente sem… Fiquei preocupada por ela estar sozinha na rua!
Continuei meu caminho, mas não fui mais a mesma. Uma lágrima teimou em escorrer pelo meu rosto! Decidi: não quero isso para mim! Não é justo.
Minha amiga também era uma pessoa absolutamente normal. E agora quase se acidenta atravessando na frente dos carros… Me olhou com olhos de criança e falou como quem mal aprendera a falar! Doeu…
Não sei o que ela tem. Procurarei saber, para ver se posso ser útil de alguma forma. Mas tenho medo de novos encontros, com amigos de tempos atrás. É duro ter surpresas assim!
A cabeça boa é o que desejo para mim e para todos. O resto a gente corre atrás.
"Uma boa cabeça e um bom coração formam sempre uma combinação formidável." (Nelson Mandela)
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