E aí a gente repara que aquele menininho tem a maior habilidade nos movimentos com as bolas… Joga as três bolinhas para cima e as equilibra, girando-as no ar, tal como no antigo número circense. Ninguém ensinou. Nasceu com ele.
Um outro menino já faz horrores com a bola maior e mais pesada, nos pés. Ninguém o detém. E a menina dá cambalhotas, por cima do sofá; faz ponte com o corpo, curvando-o para trás, só por brincadeira…
Os atletas já nascem atletas.
Mas é preciso que alguém repare neles e estenda a mão. Alguém que lhes abra o caminho! Aperfeiçoe o seu talento inato. Financie. Encoraje. Empurre para frente! Esta é a receita do sucesso.
Para poucos!
Não basta ter a agilidade, a geniosidade, a criatividade, a força, a destreza, a ousadia de um grande atleta. É preciso que haja investimento.
O Brasil carece que grandes atletas, enquanto os grandes atletas carecem de patrocinadores! Portanto, algo precisa mudar nessa engrenagem. É difícil, mas é possível. É preciso, primeiro, que se mude a direção do olhar.
As grandes empresas particulares e estatais preferem os atletas que já têm nome. Acontece que para se ter nome reconhecido, já se deve ter algum tempo no esporte, uma carreira em adiantado desenvolvimento e conquistas. E até esse ponto, como se garante a construção do grande atleta? Vou responder: a família!
Às custas de esforço doméstico, de ação entre amigos (rifas), de sacrifício de todos, as despesas vão sendo pagas, as viagens vão se tornando possíveis, os tênis recomendados vão sendo adquiridos.
As empresas e os governos poderiam e deveriam desempenhar esse papel. Era só ter um olhar diferenciado; um olhar de investimento naquele que está começando, mas já mostra ter potencial!
Assim, tudo seria mais eficaz, pois o capital que está, principalmente, em suas mãos, seria aplicado para formar o campeão desde a base, permitindo-lhes condições mais propícias ao seu desenvolvimento. Ele seria um atleta de ponta e o esporte brasileiro sairia ganhando, não tenho dúvidas.
Para o meu atleta do basquete, não meço esforços. Trabalho dobrado, busco a ajuda de parentes e amigos, faço acontecer! Não é fácil.
Além do básico que o esporte solicita, são noites mal dormidas esperando-o chegar a pé dos treinos, preocupada em saber como vai ser para comprar tudo que ele necessita, como poderei financiar sua viagem… Mãe de atleta sofre!
Mas, em contrapartida, as medalhas chegam e reconfortam! Dão ânimo para continuar a investir, apesar de toda a dificuldade. As vitórias e as derrotas vão nos ensinando a viver. Eu e ele.
O Brasil deveria olhar mais pelos seus brasileirinhos, que dominam bem as três bolinhas, a bola maior e mais pesada, os saltos sobre os sofás… Talvez assim, esse país teria jovens mais saudáveis e com menos envolvimento com a bebida e com as drogas! E desta forma, menos mortes pré maturas, nas estradas, nas calçadas, nas ruelas…
E mais medalhas olímpicas!!!
(Dedicado a toda a equipe do CETAF, de Vila Velha/ES, pela conquista da medalha de bronze, na Copa Minas de Basquete 2012)
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