(Foto: Reprodução) Ele pode não ser um príncipe, nem ela a princesa.
Ele pode estar longe demais. Ela pode estar sempre por perto, tanto que, às vezes, sufoca.
Ela nem liga. Ele liga sem parar.
Ele e eu não temos tanto em comum.
Ela quer sempre fazer programas, quando estou mais cansado. Parece que não me entende.
Parece que não me ama mais...
Só parece.
Relacionamentos são assim, imperfeitos. Desde pequenos, alguém nos ilude dizendo que, um dia, viveremos um conto de fadas com um final feliz. Que encontraremos o nosso príncipe/princesa encantados. E seremos felizes para sempre... Doce ilusão. Isso só dá certo nas histórias, porque elas acabam justamente nessa parte. Se continuassem, a coisa iria se complicar, como na vida de qualquer casal.
Felicidade é percurso, é conquista diária. É um incessante contornar obstáculos. É dar e receber. É fazer concessões. É ceder, muitas vezes, para ganhar lá na frente. Somos imperfeitos e, por maior que seja o nosso sentimento, ele reflete a nossa imperfeição.
Somos inseguros, egoístas, ciumentos. Amamos demais. Ou de menos. Amamos do nosso jeito e não do jeito que o nosso parceiro/a desejaria ser amado!
Talvez até adiante discutir a relação... Eu, particularmente, não gosto de DRs. Prefiro entender meu ser amado e pular essa parte. Porque sei que, na prática, não adianta muita coisa. As pessoas não costumam mudar quando estão num relacionamento maduro. Talvez, só nos primeiros dias, para impressionar, até involuntariamente, mas depois tudo volta ao normal. Ninguém consegue ser o que não é por muito tempo...
É claro que quem está apaixonado também costuma não perceber os defeitos do outro. A paixão costuma cegar. Mas logo passa... Muitas vezes, o prejuízo é grande e os estragos são enormes.
O que vale mesmo a pena é que, sabendo de tudo isso, a gente resolva investir no amor e seguir à diante. Conviver com os defeitos, as limitações, as inquietações, a distância, porque a gente quer, assumidamente, ter a pessoa amada do nosso lado,.. E do jeito que der...
A gente, quando ama, quer por inteiro, mas nem sempre é possível. Quando ama, a gente quer para sempre, mas o tempo é sempre muito relativo. De verdade, o que a gente quer é viver esse amor, por inteiro, para sempre, mas, principalmente, com reciprocidade.
Porque amor só importa quando se ama e é amado de volta! Aí é só aprender a administrar a relação... Não é fácil, mas é uma aventura maravilhosa, também chamada de felicidade.
Era muito tempo atrás... Talvez nem tanto. Falar de tempo é sempre um tanto relativo.
Era eu no Rio de Janeiro. Rua Porto Alegre, Engenho Novo. O endereço que ainda faz parte de mim. A parte de que sinto falta.
Era eu ainda pequena. Meninota. Serelepe. Cheia de sonhos e alguns pesadelos, como qualquer criança.
Era eu brincando de bonecas, amarelinha, jogando bola, enchendo o quintal de bugigangas e demorando horas aborrecidas para guardar aquilo tudo, ao final do dia.
Era eu na mesa da copa, lanchando café com leite e molhando nele o pão com manteiga. Algumas vezes, escorria o leite pelo queixo e descia até a barriga. Fazia cócegas e a maior melança!
Era eu descalça, com os pés imundos, recusando a lavá-los, sonolenta, na hora de dormir...
Era eu que queria comer todos os doces, todos os biscoitos, todos os sucos e nenhum legume.
Era eu que sentava naquela mesma mesa das refeições para fazer a tarefa de casa da escola. E, quando não sabia fazê-la sozinha, pedia ajuda a minha avó, que só tinha estudado até a 4ª série, mas sempre sabia tudo e estava pronta para ajudar!
Era eu que morava ao lado da casa dela e sentia o cheiro do seu café fresquinho.
Fui eu que vivi uma infância com grandes perdas e enormes dificuldades, mas recebi muito amor para compensar.
Sou eu que deixei de ser pequena e que cheguei até aqui. Parece até mentira que já vivi tudo isso...
Ô saudade que às vezes aperta!
(Dedicado a todos que ajudaram a acalentar a minha infância e ao querido amigo Hércules que provocou estas memórias.)
Eu costumo não misturar as estações. Cada coisa no seu quadrado. Pode ser hábito do ofício de pedagoga com seus planejamentos, organizações, jeitos e trejeitos de lidar com os dados, com o outro, com os objetos de estudo. Mas a verdade é que costumo respeitar os limites recomendáveis pelo bom senso. Querem um exemplo?
Falo mais de amor por aqui, com vocês, do que ao vivo, em outros ambientes. Podem acreditar, sou bem discreta. Tanto, que tem gente que até especula, imagina, manda indiretas e, como resposta, devolvo um sorriso divertido. E elas demonstram não se conformar em não saber... Engraçado mesmo isso. Por que a vida dos outros interessam tanto a algumas pessoas? Eu diria que a maioria delas não tem vida própria.
Sou interessada em política. Para mim, todo ato humano é político e comprometido. Não há neutralidade. Portanto ter essa compreensão já dimensiona-me em tudo que faço e, ao mesmo tempo, permite-me analisar tudo que acontece ao meu redor. Eu não preciso militar no trabalho de forma declarada, com camisetas e bandeirinhas. Minha militância é o meu jeito de trabalhar... Eu não preciso subir num banquinho e fazer nenhum discurso. Minhas palavras, que formam opinião, se dão no horário do café, em qualquer reunião ou em cada bate-papo informal... Faço política em tudo que faço, como todo mundo. Para os atos escancarados, as ruas, durantes as manifestações.
Tem gente que mistura tudo. São pessoas insuportáveis. Se comportam de tal modo onde não é permitido. Tentam catequizar quem já tem religião. Falam dos detalhes mais íntimos do seu último encontro para a chefia ou mesmo estranhos. Há outros que choram pitangas e abrem-se nos divãs das redes sociais... Há de tudo. Há os insistentes, os eloquentes, os mala sem alça e aqueles que, se a gente pudesse, deixaria bem longe do nosso caminho...
Um pouco de pudor não faz mal a ninguém. Um pouco de recato também não. Porque em boca fechada não entra mosca.
E se eu lhe perguntasse o que você não sabe, você saberia responder?
A pergunta, eu sei, está um tanto vaga. A gente não sabe um monte de coisa. Na verdade, a gente nem sabe o que não sabe. A gente só sabe mesmo o que a gente pensa que sabe, mas se for pensar bem, ainda tem um monte de dúvidas...
No curso que estou fazendo, andam me perguntando sobre o que eu sei e sobre o que quero saber. Taí coisa difícil de responder. Se eu digo que sei, parece pegadinha dos professores. Acho que eles vão me provar que eu não sei nada daquilo que eu acho que estou sabendo... E se eu tento mostrar que sei mesmo, me sinto arrogante... Que saia justa!
Pior ainda é falar sobre o que eu não sei. Eu sei lá o que eu não sei! Eu não sei tanta coisa. Pensando bem, quanto mais sei, sei que nada sei... Alguém já disse isso. Um sábio! E se nada sei, tudo preciso aprender. Agora ficou fácil. Difícil é listar tudo... Será que se eu escrever "tudo", estará valendo?
Definitivamente, prefiro entrevistar do que ser entrevistada. Falar de mim para alguém, ainda mais sobre minhas experiências e expectativas é terrível. Difícil demais!
Talvez ficasse melhor se me pedissem para escrever um post...