Porque sou de esquerda

(Por Maurício Abdalla)

“Ser de esquerda não é aderir a uma ideologia específica. “Esquerda” é um conceito útil que se refere à dimensão mais genérica de um POSICIONAMENTO político.

Todos são posicionados politicamente em uma sociedade em que o poder é disputado por classes sociais. A suposta neutralidade é apenas uma adesão ao que já está dado, ao status quo e ao que é reproduzido nos meios de formação de consciência, cujos emissores têm um posicionamento político que nasce de sua condição social de grandes empresários.

Ser de esquerda é colocar o ser humano acima do mercado e do lucro; é ser crítico com as relações de injustiça que estejam na base de qualquer modelo econômico e especificamente do capitalismo, por ser o sistema dominante mundialmente; é conhecer as estruturas que produzem a realidade, sabendo que as coisas não "são assim porque são", mas, sim, resultados de processos que devemos conhecer, expor e denunciar; é ser crítico com os meios que produzem informação, sabendo que eles são empresas privadas que “produzem” realidade e não simplesmente a retratam; é ser contra a prosperidade de uns à custa da miséria da maioria; é lutar para que o amor não seja uma palavra genérica e meramente sentimental, mas um princípio que orienta relações concretas e que ordena a sociedade; é saber que a política não é um jogo para ser jogado por poucos, mas algo que pertence à essência do ser humano em sua dimensão social; é reconhecer o direito à diferença e defender a igualdade de direitos para todos, não apenas na lei, mas na práxis social; é perceber que somos parte da natureza e, como tal, não se pode submetê-la aos interesses do lucro ou do desenvolvimento econômico; é acreditar, enfim, entre tantas outras coisas mais, que o futuro pode ser construído por nossas mãos em qualquer direção que quisermos, mesmo que se mude radicalmente os rumos para o qual o presente aponta.

O que é ser de direita? Que o digam os que são contra a esquerda.

Deixe sua cabeça pensar a partir de onde estão os seus pés. Em uma guerra desigual, achar-se neutro é colaborar com os vencedores.”

Também sou de esquerda.

Sem dúvida.