Havia alguns pregos nas paredes da sala. Muitos deles tão altos que nem percebi quando caíram. Ficaram as marcas, alguns inconvenientes furos…
A sala grande e fria, não aconchegava. Entristecia. Não havia vida, apenas vultos e sombras. Mas os pregos assistiam a tudo no alto das paredes.
Por algum tempo, sustentavam quadros. De cima, assistiam a tudo; eram cúmplices silenciosos.
Não eram belos quadros. Não foram escolhidos. Simplesmente impuseram sua presença. Eram frios e opacos, como tudo que compunha a sala. Muitos móveis e objetos desconexos faziam a decoração. Uma mistura que não deu certo. Nunca deu…
Sobravam coisas e pessoas, faltavam sentimentos. Faltava coesão.
E a situação insustentável não se sustentou. Parte dos móveis se foram, assim como todos os quadros do alto das paredes. E ela se tornou maior e menos fria.
Sobrou espaço. Faltaram móveis. Ficaram os furos dos pregos para marcar a presença daquela ausência.
Olho para eles todos os sábados, mas não sinto saudades.
É alívio com, talvez, uma ponta de frustração.
Um dia passa.
Adorei o texto prima...amei
ResponderExcluirÉ um daqueles textos que quem "falou" foi a minha alma, que você conhece bem...
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