Feliz do adulto que tem histórias para lembrar, do dia de São Cosme e São Damião! Eu tenho muitas.
Não que eu pudesse ter corrido pelas ruas, atrás de doces, como eu tanto gostaria, naquela época... Mas, quem nasceu no Rio, como eu, teve vários outros jeitos de se lambuzar de doces.
Dona Deolinda era nossa vizinha e amiga de muitos anos da família. Era uma promessa que tinha feito de, no dia dos santos Cosme e Damião, oferecer uma festa exclusivamente para as crianças. Sobre sua fé, nunca soube muito. Nem me interessava! Sempre via umas roupas brancas por lá… Mas sobre a qualidade daquelas comilanças, eu sabia de cor, porque experimentava de tudo. Eram de primeira!
Cresci respeitando a diferença religiosa. Felizmente, os adultos da minha família me deram esta lição. Nunca temi chupar alguma bala oferecida, tão gentilmente, nessa data. Ao contrário, era uma alegria!
A gente andava na calçada e os carros paravam e nos davam os famosos saquinhos de doces. Nem era preciso ir atrás.
Amigas da família mandavam saquinhos para mim… A professora levava para nós, na escola… Chovia doces de todos os lugares! Lembro dos potes cheios, em cima da geladeira.
Na Igreja Católica, comemorou-se o dia de São Cosme e São Damião, ontem, dia vinte e seis de setembro. Mas pouca gente sabe disso. Até os católicos! A data foi alterada durante a reforma litúrgica, em mil, novecentos e sessenta e nove. Mas no país do sincretismo, continua-se homenageando São Cosme e São Damião na data das religiões afro-brasileiras, como a umbanda e o candomblé.
Com isso, os dois santos ganharam dois dias de comemorações! O povo brasileiro é mesmo muito religioso, mas nesse caso, a cultura popular também deu uma ajudazinha.
As crianças agradecem.
E viva São Cosme e São Damião!!!
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