terça-feira, 30 de novembro de 2010

Doce Dora.

Aconteceu na semana passada, durante a aula de Português. A proposta era produzir um texto, com a descrição de uma pessoa que tenha sido especial, na nossa vida. Alguém de quem se sente falta, se sente saudades... Motivei os alunos para escrever e aí... Me deu uma enorme vontade de escrever também. Sentei e, ali mesmo, escrevi o texto que agora apresento para vocês.

"Seu nome era Dora. Era minha avó, mãe do meu pai.
Desde as mais tenras e antigas memórias, recordo dos seus olhinhos verdes olhando para mim. Me viam por dentro. Sempre leram minha alma.
Minha avó era branquinha. Filha de italianos. Nascera em Campos, norte do Rio de Janeiro.
Era gordinha, bem gordinha. Fazia bolos e doces por encomenda. E como os fazia bem! Vinha gente de longe atrás de suas gostosuras. Minha avó era doce, tão doce como os que fazia.
Na sua casa sempre tinha comidas gostosas. Tudo podia ser experimentado, comido, repetido. Adorava abrir a porta da geladeira e ficar admirando tudo lá dentro... Desejando... Eram pêssegos em calda, caixa de figos frescos, doces de abóbora e de batata roxa, caquis... Tudo imensamente gostoso!
Minha avó era minha madrinha também. No fundo, era minha fada madrinha! Realizava meus desejos, até os inconfessáveis. Era minha grande companheira, defensora e cúmplice. Estava sempre do meu lado, até quando não podia estar...
Minha avó era engraçada. Contava piadas, falava besteiras. Me ensinava músicas que me faziam rir. Também me contava histórias. Muitas. A minha preferida era a do Coelho que procurava uma casa para morar. Ela contava e repetia uma, duas, três vezes... E nada me dava maior prazer do que acompanhar as aventuras daquele Coelho, que nem tinha nome. Ela que inventara.
E era assim, ela do meu lado, me vendo crescer!
Talvez como presente ou reconhecimento, tive meu filho mais velho, de parto normal, no dia exato do seu aniversário de setenta anos. Desse modo, mesmo não estando mais no Planeta Terra, seu dia sempre é lembrado, todos os anos, na festinha dele.
Minha avó é o modelo de mulher que eu tento seguir. 
Ela viverá para sempre, enquanto eu viver, porque está viva dentro de mim, no meu coração, nas minhas lembranças, no sangue que corre em minhas veias."

Depois que os alunos apresentaram oralmente os textos que tinham produzidos, foi a minha vez. Foi difícil. Descobri que quando se fala ou se escreve com o coração, as palavras ficam embargadas e aquela lágrima que teima em rolar, faz o rosto contrair e nada pode ser pronunciado - apenas sentido! Que bom ter tido essa história pra contar!!!

3 comentários:

  1. Ihhh, se fosse comigo.... Escrever eu até q desenrolo muitíssimo bem, mas pra falar em público xiiiii... o bicho pega!!
    Amei o q vc escreveu e lembrei da minha avó também. Ô tempo cruel, né??

    Kisses!!

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  2. Puxa Dê!! Nossa vida foi mesmo muito parecida. Quando você descrevia sua avó em alguns momentos parecia estar falando da minha avó, em outros de uma tia querida que tive, a tia Amélia, que era a filha mais velha de minha avó e era também avó dos primos que foram criados comigo. Essas matriarcas maravilhosas que povoaram nossa infância e que tentamos usar como base de nossa personalidade.
    Bjs.

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  3. Que relato mais lindo De!!!
    Parece até com a minha avó Palmira.
    Dá uma saudade de um colo desse!

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