terça-feira, 12 de abril de 2011

Quanto vale a inocência de uma criança?

anjinhos

Fui criança num outro tempo. Se brincava de bonecas; fazia-se comidinhas com arroz cru misturado com um líquido qualquer; observava-se as formigas. Vez ou outra, impedia-lhes o caminho para vê-las dando voltas… E a gente ria… Era liberado sorrir. E correr. Podia-se andar de bicicleta e jogar “queimado” na rua. Brincava-se de roda, muitas, muitas vezes. Pulava-se corda e se faziam brincadeiras com as mãos… “Nós quatro. Eu com ela, eu com ela. Nós por cima, nós por baixo…” As tardes mornas do Rio de Janeiro, sem o risco de bala perdida, davam o clima dessa festa, chamada infância!

A escola era um lugar muito gostoso. Nem tinha recreio, e ninguém reclamava. Merendava-se e voltava-se para a sala. Semanalmente, havia um horário para a “recreação”. Também podia se frequentar a biblioteca. Escola pública de qualidade. Os livros eram emprestados, tal como hoje em dia. Mas o compromisso e o cuidado com eles, sem dúvida, era maior. O livro representava o conhecimento, tinha, assim, um grande valor. Ainda lembro seu nome: “Mágica do Saber”. Minha avó o encapava com papel pardo por ser resistente e durar o ano todo. Quanta consideração havia com a escola e suas recomendações…

Criança andava descalça. Brincava e estudava. Tinha amigos. E, principalmente, éramos inocentes… Assunto de adulto era de adulto, criança não participava das conversas. Éramos criados de outro jeito. Nossas mães eram donas de casa. Uma ou outra trabalhava fora. Não era a maioria. Tinha tempo para nos educar, nos corrigir, nos cobrar a lição de casa bem feita. Ninguém questionava a palmada. Fazia parte. Era incorporada. Em plena ditadura militar, as preocupações do país eram outras.

Páro, muitas vezes, e fico pensando. O que mudou desde aquela infância que tive, até os meninos e meninas de hoje? Praticamente tudo! O mundo mudou. Globalizou-se. A tecnologia assumiu o lugar da cultura popular, nas brincadeiras. Vídeo-game, computador, celular: qual a criança que não tem acesso a algum deles? Talvez no interior do Brasil, apenas. Talvez… Nas cidades, a escola faz essa ligação, quando a família não tem condições financeiras.

A verdade é que não se brinca como antes. Nem se estuda… Os apelos são muitos. Propaganda especializada no público infantil. Produtos próprios para elas. Marcas que apostam no gosto da garotada. Criança agora é consumidora de respeito. E adoram gastar! Foram criadas assim, nessa sociedade de consumo.

Ligam a TV e ouvem que é preciso usar a camisinha… Fazem cara de interrogação, mas aprendem a necessidade do objeto, seja ele o que for… As conversas de adultos estão soltas ao vento. Chegam até elas. São forçadas a amadurecer antes do tempo!

O que estamos fazendo com nossas crianças? São violadas, abusadas, assassinadas. Logo elas que serão o nosso futuro! Serão elas que irão cuidar de nós, quando formos velhinhos… Serão elas que tomarão todas as rédeas e todas as decisões!

Quero de volta o brincar infantil! Quero de volta o direito de ser criança! Quero ver a inocência estampada nos seus olhos. E, principalmente, o respeito dos adultos por esses pequenos, que têm o direito de serem felizes, e não crescerem antes da hora!!!

Denisinha

(Eu sou o anjinho mais alto, à esquerda, na foto superior; e a menininha da frente, com um broche com a letra “D”, na foto inferior.)

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