segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Todo dia era “dia do folclore”.

Quando eu era menina, gostava de chegar cedo na escola, bem antes do sinal bater.

Todos os dias, eu era uma das primeiras. O motivo era um só: brincar de roda, com as coleguinhas. E a brincadeira era tão divertida, que a gente nem via passar o tempo.

roda

“Terezinha de Jesus, de uma queda foi ao chão.

Acudiram três cavaleiros, todos três chapéus nas mãos...”

“A carrocinha pegou três cachorros de uma vez...

Tra lá lá, que gente é essa? Trá lá lá, que gente má!”

“O galo e a galinha foram à festa em Portugal.

O galo foi de saia e a galinha de avental.”

“Fui no Itororó, beber água e não achei,

Achei bela morena que no Itororó deixei.”

“Samba lê lê está doente. Está com a cabeça quebrada.

Samba lê lê precisava de umas boas lambadas...”

“Ciranda cirandinha vamos todos cirandar.

Vamos dar a meia volta, volta e meia vamos dar.”

“A canoa virou. Por deixá-la virar

foi por causa da Denise que não soube remar…”

Fazia parte do nosso cotidiano. Ninguém se preocupava com o politicamente correto ou não, nas letras simples das canções. A gente com tão pouca idade, só queria mesmo cantar, dançar, girar e girar... Nem ao menos sabíamos que estávamos preservando a cultura popular do Brasil, que, agora crescidos, conhecemos com o nome de folclore.

O ritual acontecia todo o início das tardes, antes do horário das aulas, e se repetia na hora da saída. Ao contrário dos dias atuais, ninguém tinha a menor pressa de ir para casa.

corda

De vez em quando alguma menina levava alguns metros de corda. Era outra farra! Uma fila enorme logo se formava. Diferentes canções eram entoadas enquanto a meninada pulava, procurando o unir o equilíbrio do corpo ao ritmo do movimento, das batidas da corda. Era muito, muito bom... Fazia bem para o corpo e para a alma!

Também brincávamos de passar-anel, de passaraio, de pique-pega, “coelhinho na toca”, lenço-atrás.

Não tínhamos recreio. Era apenas uma pausa para a merendar. O tempo era todo gasto no refeitório da escola. Não fazia falta, porque a nossa “recreação” acontecia todos os dias, e era todo organizada por nós, sem a intervenção dos adultos.

No Dia do Folclore, gostaria de deixar registradas essas doces lembranças, que aconteceram de verdade, nos anos sessenta/setenta, no pátio da Escola Municipal Noel Rosa, no Grajaú, Rio de Janeiro.

Naquela época, as brincadeiras de criança eram assim. Deixaram saudades!

“Como pode o peixe vivo
Viver fora da água fria
Como poderei viver
Como poderei viver
Sem a tua, sem a tua
Sem a tua companhia…”

saudade da infancia

(Márcia Suely Baptista Gomes, Mônica Toscano de Menezes, Maria Luiza Teixeira, Isabel Cristina Rodrigues: lembro seus nomes. Minhas amiguinhas daquele tempo. Por onde será que andam?!?)

Um comentário:

  1. Que agradável surpresa!!! Denise, minha querida amiguinha dos tempos do Primário. Às vezes passo pela rua onde você morava e me vêm à lembrança os trabalhos de grupo que fazíamos ali . Bate a saudade e a mesma indagação “Por onde anda?”
    Lembro de você, da sua mãe, da sua irmãzinha, da sua avó (que fazia lanchinhos gostosos enquanto desenvolvíamos nossas “importantes” pesquisas).
    Tantas coisas aconteceram ao longo desses anos....crescemos e agora, enquanto lia o seu post com as músicas que cantávamos ao brincarmos nos tempos da escola, outra me veio à cabeça:
    “Amigo é coisa pra se guardar
    Debaixo de sete chaves
    Dentro do coração
    Mesmo que o tempo e a distância
    Digam não.”
    Que bom saber que você também lembra de mim!!!
    Beijinhosss.

    Márcia.
    (msbgomes@gmail.com)

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