Aconteceu há muitos anos atrás. Meu filho mais velho era bem pequeno. Estava começando a escrever. Cursava a primeira ou a segunda série, não me lembro mais.
Nossas férias eram no final de julho e, naquela época, tínhamos o costume de viajar sempre para o Rio de Janeiro. Minha avó ainda era viva e meus pais ainda moravam lá. Dessa forma, certa vez, viajamos justamente no dia vinte e cinco de julho.
Como sempre fui ligada nos dias dos santos e aniversários em geral, falei com meu filho para escrever um bilhetinho em homenagem ao motorista do ônibus, já que São Cristóvão é o padroeiro dos motoristas. E ele fez. Como sempre foi muito talentoso para escrever, a cartinha ficou muito lindinha e ele mandou bem o seu recado.
Quando entramos no ônibus, Luiz Fernando foi logo se dirigindo ao motorista, dando-lhe um abraço, lhe entregou a homenagem. Diga-se de passagem que ele sempre foi muito extrovertido e nunca foi tímido na relação com adultos. Depois disso, fomos procurar nossos lugares.
Porém antes de dar a partida no veículo, o motorista foi ter com os passageiros e falou todo emocionado da homenagem que recebera. Disse que depois de tantos anos de profissão aquela tinha sido a primeira vez que alguém tinha se lembrado do seu dia! E leu, em voz alta, a cartinha do meu filho. Todos aplaudiram e eu fiquei muito feliz! Todos ficamos.
Um simples gesto fez toda a diferença.
Cartinhas, bilhetinhos, cartõezinhos: de repente, podemos achar tudo isso muito piegas, ultrapassado, demodê. Inclusive estas palavras… Mas as pessoas não são iguais. Aquilo que para você não tem valor algum, pode ser muito importante e fazer toda a diferença para outro. Aquela simples cartinha de uma criança foi significativa para alguém acostumado a não ser reconhecido pelo que faz! Pelo menos, a receber demonstrações explícitas como aquela.
E lembre-se: essas coisas nós que ensinamos aos nossos filhos. O valor das pequenas coisas é ensinado sim. De preferência, desde cedo, na família!
Oferecer um abraço, apreciar a beleza das rosas, gostar de ler poemas de amor, molhar com prazer os pés na água do mar, perder os olhos na imensidão do horizonte verde das montanhas, e fazer, sim, um bilhetinho homenageando o motorista de ônibus pelo seu dia… Por que não?
São essas pequenas coisas que ajudam a construir um mundo melhor. Não se envergonhe de ser feliz nunca, porque a felicidade está mesmo nos pequenos prazeres da vida!
Oração de São Cristóvão
"Dai-me Senhor, firmeza e vigilância no volante, para que eu chegue ao meu destino sem acidentes. Protegei os que viajam comigo. Ajudai-me a respeitar a todos e a dirigir com prudência. E que eu descubra vossa presença na natureza e em tudo o que me rodeia. Amém".
Adoro essa história. Eu estava nela e me emocionei muito.
ResponderExcluirSimone Pazito
O que chamamos de real é o nosso relacionamento com os outros, a experiência comum, a vida partilhada. Os sentimentos, Nunca, NUNCA, mesmo devem ser oprimidos! Linda atitude do Luiz Fernando, que ficaria marcado anos depois... Olha sô, que ironia tudo passa, as atitudes não, essas perduram... parabéns mamãe Denise pela educação e valores passados a seus filhos... E viva São Cristóvão que ilumine todos os motoristas e todos os viajantes que tem e que procuram seu caminho... Amém!
ResponderExcluirFiquei emocionada com sua história.
ResponderExcluirVou levar essa oração comigo no volante !
Obrigada, Deus abençoe!
Com carinho, Derli
www.amoanimaise.blogspot.com
Valeu, Derli. Apareça sempre. Um abraço forte.
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