segunda-feira, 13 de junho de 2011

Nossa casa, nossa cara.

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A minha casa tem a minha cara e, com certeza, a dos meus filhos também. Moramos juntos. Nossa casa fala de nós! Cada simples objeto depõe sobre os nossos valores, o nosso jeito de ser e de pensar sobre a vida.

Sempre lembro da Adriana, que dizia que a casa dela era muito ecológica e se explicava: lá as aranhas viviam livres e felizes, pelos cantos das paredes... E dava, em seguida, uma gostosa gargalhada! Minha amiga, como eu, é mulher moderna, divide seu tempo entre as tarefas do lar e o trabalho fora de casa, em dupla jornada, além da educação dos filhos e aquele outro amontoado de funções, que só uma mulher conhece a listagem completa.

A casa da gente pode ter tapetes e cortinas ou nenhum dos dois. Ter janelas fechadas para não entrar poeira ou viver escancarada. Ser barulhenta ou silenciosa. Mas tem mesmo que ter um pé de chinelo largado fora do lugar. Um copo usado escondidinho ao lado do sofá. Um pacote acabado de biscoito, amassado, enfiado entre o colchão e o estrado. Uma roupa usada pendurada no canto da cadeira do quarto. A foto da bisavó quando fez oitenta anos, junto com outra maior que é da formatura do irmão. Uma flor meio empoeirada, mas tão importante que a gente reluta e acaba nunca jogando fora... Até uma toalha molhada sobre a cama por fazer! São essas coisas que provam que naquela casa mora gente de verdade.

Por mais que reclamemos dos filhos e até façamos cara feia, quando “perdemos” mais tempo colocando tudo no lugar, são essas pequenas coisas que determinam a nossa humanidade. São os nossos vínculos. É a nossa história que está sendo construída.

Um dia nossos filhos não estarão mais lá e os quartos deles estarão arrumadinhos e limpos... sem ninguém dentro! E fará eco o som da nossa voz. E nenhum chinelo sujo estará virado na porta. Será esse o preço da rapidez no dia da faxina?… Caro demais!! Prefiro as aranhas, a poeira, o amontoado de tarefas, mas a felicidade de estar viva e ter meus filhos do meu lado.

A casa é isso, o lugar gostoso que a gente cria pra viver do nosso jeito! Por isso tem que ter a cara da gente. E ser conferida e renovada dia-a-dia. Tem gente que chama isso de LAR!

(Obrigada, Domitília, por ter me encaminhado o texto “Casa Arrumada”, de Carlos Drummond de Andrade, e que acabou me inspirando para escrever o meu. Escrever é assim. Inspiração também!)

6 comentários:

  1. E não há nem nunca haverá lugar nenhum no mundo como o NOSSO LAR!

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  2. Amiga Denise, lendo o texto me reportei à minha casa, quando minhas filhas e meu filho estavam em casa. A minha casa também era ecológica...nunca estava em ordem...Mas era cheia de alegria, calor humano...Eu era feliz com eles todos pertos. O pai deles saiu, quando nos separamos...e logo foram saindo uma por uma das gurias, para estudar no SENAI/CETIQT no Rio de Janeiro. E não mais voltaram para casa, foram morar em Minas Gerais e Santa Catarina ... para trabalhar...seguir a formação profissional. E o meu guri, o Fabiano...também, ao terminar o ensino médio foi trabalhar e estudar em Santa Catarina.
    A casa foi se tornando cada vez maior, silenciosa, com saudades das crianças...do barulho da turma que enchia de alegria....e os quartos estão à espera da visita deles, que acontece no final de cada ano.
    Eu gostaria de ter meus filhos por perto. Tive que pagar um alto preço...distância...saudade...Mas tem um outro lado bom, estou sempre viajando e visitando eles. Agora estou em Minas Gerais, na cidade de Belo Horizonte, curtindo a filha Juliana e o neto Leadro.
    Cada formatura que acontece...lá estou presente.
    E nossos filhos para alcançarem o sucesso, crescerem...muitas vezes tem que sair de casa...

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  3. É, minha amiga... A vida é assim. Um dia foi a minha vez de ir embora. Mas vale o "toque" naquelas mães que perdem o foco e reclamam mais do que deveriam, frente a pequenas desarrumações da garotada. A vida é pequenininha, um sopro só. E, como eu gosto de dizer, quando a gente vê já é dezembro... Obrigada pelo belíssimo comentário. Obrigada, meu querido Ivo, também pela presença constante no nosso cantinho.

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  4. Como reclamamos por causa das coisas fora do lugar! Mas, reclamar também faz parte de nossa humanidade...Pretendo reclamar por muitos anos ainda. Isso significa que espero que todos os meus estejam comigo por bastante tempo.
    O que será de nós sem eles?
    Vai ser arrumação demais!

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  5. Nossa adorei essa materia, minha casa nao é toda arrumadinha, tenho minha cachorra dentro dela tbm e dois maiores no quintal, sempre tem chinelo largado, toalha na cama, colchao na sala...

    é isso mesmo, nossa casa = nossa cara!!!

    bjs

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