Escrever contagia… Ler também! Tudo é muito gostoso.

Só quem não tenta não descobre o poder que tem e o prazer que há em ler e escrever. O mundo todo é seu. Não só esse. Mas todos os outros. Tudo que existe e tudo que você pode inventar. Um dicionário inteiro de palavras para serem usadas ou palavras novas esperando para serem criadas. Frases com infinitas opções para formarmos com palavras novas ou arcaicas, GRANDES ou pequenininhas, simples ou sofisticadas, belas ou terríveis! Palavras, palavras, palavras. Todas elas a nossa disposição, esperando para serem usadas. Algumas empoeiradas pela falta de uso. Outras já gastas, precisando de recauchutagem: usaram-nas tanto e não cuidaram! E tanta gente ainda teimando em dizer que não gosta de escrever...

Querem saber o que eu penso disso? Ainda não experimentaram... Quando sentirem a delícia que é construir uma bela frase, irão mesmo se apaixonar!

Vou dar um belo exemplo para ilustrar o que estou falando. Assistam o vídeo. Depois retornamos a conversa.

 

Emocionante, não é? Quando assisti o vídeo pela primeira vez, senti os olhos se encherem de lágrimas. Com este exemplo, pudemos perceber que, quando usadas com sabedoria, as palavras são poderosas! Podem sim fazer toda a diferença! Ler e escrever é condição essencial para a transformação do nosso mundo para melhor. Cada um de nós tem que fazer a sua parte e superar os seus limites. Mas, primeiro, é preciso QUERER!

Hoje, visitei mais uma turma de quarta série. Foi um encontro muito produtivo e muito acolhedor. Trocamos algumas idéias, sonhos e planos. Pude falar de mim e deste nosso pequeno espaço virtual. Esclareci dúvidas, orientei, trabalhei novos conceitos ligados à internet, mas especialmente estimulei o gosto pela leitura e pela escrita! Meu discurso não é meramente teórico e eles sabem disso.

Sou apaixonada pela língua portuguesa e a utilizo diariamente como ferramenta de trabalho. Me aproprio com paixão. E, com esse mesmo tempero, convidei que também escrevessem. Tema livre, como devem ser livres os pássaros que se iniciam nos seus primeiros vôos cambaleantes..

E ENTÃO AS CRIANÇAS ESCREVERAM…

(Reproduzo alguns dos escritos para vocês. Amanhã eu mostro os outros.)

Poema da Amizade

“É meu este poema e será seu também.

Foi feito para ti porque te quero bem.

Aceite-o como presente feito da nossa amizade.

Olhe simplesmente a felicidade.

Pequeno é este poema, mas diz toda a verdade.

Por isso que tem o nome “Poema da Amizade”.

(Joelma Henrique Mota – 10 anos)

“Um dia a menina que gostava de uma festa foi se divertir com os amigos. A mãe preocupada perguntou onde ela estava e ela respondeu que estava com as suas colegas.”

(Renata Rocha Adriano – 11 anos)

“Eu sonhei que a escola estava pegando fogo. Todo mundo saiu desesperado. A ambulância veio para socorrer. A viatura da Guarda Municipal e o Corpo de Bombeiros também! De repente a escola caiu. Primeiro o quarto andar. Depois o terceiro e assim por diante.”

(Isaías da Silva Silveira – 10 anos)

O Dia do Passeio

“Um dia quando eu era da Creche eu fui num passeio muito legal. Fomos numa fazenda de agroturismo. Lá se fabrica iogurte. A gente viu o cipó do Tarzan e rimos de um monte de coisas. Depois fizeram um banquete com muitas coisas de comer. Tinham alguns brinquedos também e nós aproveitamos. Depois vimos como se fabrica iogurte e fomos embora.”

(Raul Souza Gomes)

A Vitória do Campeão

“Copa do Brasil. O Vasco campeão. Jogou muito na final. Atlético (MG), Ceará, Avaí e Coritiba foram os times que o Vasco enfrentou e se saiu muito bem. Não perdeu nenhuma partida. Ontem à noite, o Coritiba jogou bem, mas não segurou o “trem-bala da colina” por causa de sete pessoas: Diego Souza, Bernardo, Alexsandro, Fernando Prass, Dedé, Fagner e Felipe.”

(Yuri G. Martins – 10 anos)

“Eu tenho um irmão deficiente. Não fala, não anda. Ele tem seis anos. Ele precisa de uma cadeira de rodas. Ele só fica no berço.”

(Matheus Hilário Rodrigues – 10 anos)

“Perdi meu irmão quando eu tinha três anos e foi uma dor muito grande para mim. Um sofrimento!”

(Isabela Rosa Passos – 12 anos)

O Sonho de um Menino

“Era apenas um menino que sonhava em ser baterista e a prima dele também. Então um dia o menino teve uma idéia e disse:

- Vamos formar uma banda? E ela disse:

- Vamos. Aí foram fingir que estavam tocando. Então a prima dele falou:

- Eu inventei uma música e o nome é “Mãe”. Era uma só, mas fizeram muito sucesso. E até hoje eles também tocam.”

(Bertilho Vinicius dos Santos Machado – 10 anos)

“Eu, Tatiani, sou do CAJUN. Vou lá todos os dias . No ano passado, fomos num passeio ao SESI de Aracruz. Foi muito legal. Eu e minha irmã tivemos que pagar vinte e quatro reais. Quando chegamos lá, nós fomos ao banheiro nos trocar e depois fomos tomar banho. O toboágua era muito alto. Eu fui no azul, o mais perigoso que tinha. A piscina que eu caí era funda. Ela tinha correnteza muito forte. Na hora do almoço a professora nos chamou e nós fomos almoçar. Depois fomos ao parque, descansamos e voltamos para a piscina. Eu tinha levado lanche e o dividi com minhas amigas. Quando chegou as dezessete horas, tivemos que voltar. Dentro do ônibus os professores deram lanche e depois fomos para casa. Este ano vamos de novo lá, no dia seis de julho.”

(Tatiani Oliveira Moreira – 11 anos)

Quando eu estava me despedindo, o vascaíno Yuri Martins me emocionou.  No discurso final, eu estava dizendo para eles que eu queria muito, um dia, me tornar uma escritora. E aí ele interrompeu minha fala, com uma carinha de quem não tinha entendido meu comentário, e disse na maior simplicidade e  honestidade, que só criança tem:

- Ser escritora não! Você já é!

Depois dessa, aquelas palavras todas desapareceram. Sumiram todas! Não achei nenhuma que expressasse a minha gratidão por tamanho carinho. Quem sabe, agora…

- Valeu, Yuri. Obrigada. Nas suas palavras vi meu sonho de menina concretizado. Mais ainda: reconhecido. Só me resta torcer para que você realize, também, todos os seus. Acredite, batalhe e construa o seu futuro desde já. Seja feliz!

Parabéns para todos os alunos das quartas séries A e B, da Escola Professor João Bandeira, de Vitória, ES. Obrigada mesmo pela acolhida.