domingo, 30 de junho de 2013

Nosso porto seguro

tangerina
Pai, começa o começo! 

Quando eu era criança e pegava uma tangerina para descascar, corria para meu pai e pedia: – "Pai, começa o começo!". O que eu queria era que ele fizesse o primeiro rasgo na casca, o mais difícil e resistente para as minhas pequenas mãos. Depois, sorridente, ele sempre acabava descascando toda a fruta para mim. Mas, outras vezes, eu mesmo tirava o restante da casca a partir daquele primeiro rasgo providencial que ele havia feito.


Meu pai faleceu há muito tempo (e há anos, muitos, aliás) não sou mais criança. Mesmo assim, sinto grande desejo de tê-lo ainda ao meu lado para, pelo menos, "começar o começo" de tantas cascas duras que encontro pelo caminho. Hoje, minhas "tangerinas" são outras. Preciso "descascar" as dificuldades do trabalho, os obstáculos dos relacionamentos com amigos, os problemas no núcleo familiar, o esforço diário que é a construção do casamento, os retoques e pinceladas de sabedoria na imensa arte de viabilizar filhos realizados e felizes, ou então, o enfrentamento sempre tão difícil de doenças, perdas, traumas, separações, mortes, dificuldades financeiras e, até mesmo, as dúvidas e conflitos que nos afligem diante de decisões e desafios.


Em certas ocasiões, minhas tangerinas transformam-se em enormes abacaxis... Lembro-me, então, que a segurança de ser atendido pelo papai quando lhe pedia para "começar o começo" era o que me dava a certeza que conseguiria chegar até ao último pedacinho da casca e saborear a fruta. O carinho e a atenção que eu recebia do meu pai me levaram a pedir ajuda a Deus, meu Pai do Céu, que nunca morre e sempre está ao meu lado. Meu pai terreno me ensinou que Deus, o Pai do Céu, é eterno e que Seu amor é a garantia das nossas vitórias.


Quando a vida parecer muito grossa e difícil, como a casca de uma tangerina para as mãos frágeis de uma criança, lembre-se de pedir a Deus:

"Pai, começa o começo!". Ele não só "começará o começo", mas resolverá toda a situação para você.

Não sei que tipo de dificuldade eu e você encontraremos pela frente. Sei apenas que vou me garantir no Amor Eterno de Deus para pedir, sempre que for preciso: "Pai, começa o começo!".

(Autor desconhecido)

Deus

Essa lembrança não é minha, mas poderia ter sido. Não tive muito tempo para estar ao lado do meu pai, que se foi muito jovem. Mas a mãe dele, minha avó, assumiu o seu posto, na minha vida.

Lembro que, não sei porque, eu cismava que minha garganta sangrava… Era pequena. Recordo de ter pedido várias vezes para minha avó vistoriá-la para verificar se estava realmente sangrando. Abria o bocão e ela, pacientemente, olhava e dizia que não.

Eu nunca soube porque eu cismava com isso. Talvez o fato de ter perdido meu pai muito novo tenha me causado alguma sequela emocional. A verdade é que lembro bem desses episódios que se repetiram muitas vezes.

Até que um dia, numa dessas idas até minha avó, ela me olhou bem duro e disse:

- “Sua garganta não está sangrando. Nunca esteve e dificilmente sangrará um dia. Você acha que a gente morre fácil assim? Nada disso. Para morrer é preciso muito mais… Tenho certeza que você ainda vai viver por muitos anos!”

Senti o calor tomar conta do meu corpo. Aquela certeza que ela tinha me passado se transformou em alegria e alívio. Me convenci que ela estava certa. Este mal terminou ali.

Minha avó sempre foi o meu porto seguro.

Hoje em dia, tenho andado à deriva…

2 comentários:

  1. Lindo prima, mas sinto uma ponta de tristeza em sua vida. Não entre por esse caminho, mesmo que as vezes seja necessário as lembranças, mas deixe-as ir, elas são como o vento, nos tocam e se vão só para não caírem no esquecimento. Beijos.

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    1. Não se preocupe, prima. Estou bem. Gosto de minhas lembranças. Elas só aquecem meu coração e me dão força para prosseguir. É que quando escrevo, às vezes, elas me acompanham e eu demonstro que sinto falta... Depois, rapidinho, passa! Saudades de você.

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