Lembranças da Ilha do Governador.

Eu cresci passando as férias na Ilha do Governador.

As praias sempre foram poluídas, mas ainda era possível tomar banho, nas águas da Baía da Guanabara. Desta época, nasceu o meu amor pela escola de samba União da Ilha do Governador, tantas vezes relatado…

Mas como hoje é Quarta-feira de Cinzas, não vou falar de Carnaval. Vou falar das praias da Freguesia e do Bananal, que eram as que eu frequentava.

Éramos basicamente três: eu, minha irmã Simone e minha avó Dora. Mas sempre aparecia mais alguém. No Rio é assim… E a gente ia pra praia levando nossas boias feitas de câmara de ar. Ninguém precisava levar barraca, pois as amendoeiras faziam sombra suficiente para todos, na areia.

Brincávamos de criar castelos e cavar buracos… Usávamos conchinhas e palitos de picolé para enfeitar. Na pele, passávamos óleo de bronzear Koppertone, pois não existia filtro solar. Depois, a gente caía na água e mergulhava de todos os jeitos… Uma farra!

Eram assim, todas as manhãs das férias da nossa infância e adolescência…

Quando dava fome, minha avó comprava os famosos biscoitos de polvilho Globo. Lembra?

Nós preferíamos o de sal.

Há pouco tempo estive no Rio e verifiquei que o biscoito continua sendo vendido com o mesmíssimo gosto e a mesma embalagem. Que viagem! Uma maravilha, em tempos de produtos descartáveis e capitalismo selvagem…

Aquele gostinho de passado fez bem para minha alma!

Ainda hoje, quando estou triste, procuro no meu baú de lembranças, meus melhores momentos passados na Ilha do Governador… Elas me acalentam e afugentam qualquer baixo astral.

Saudades da época que, depois do almoço, pegava a bicicleta e saía passeando pelas ruas do bairro, catando fichas de ônibus, pelo chão, pois eu colecionava.

Sabe o que é isso? Bem, essa já é outra história.