Meu pai subiu no telhado.

Meu pai é uma pessoa admirável. Na realidade, é meu pai de coração: o melhor padrasto que alguém poderia ter. Uma pessoa solidária e muita ativa, na flor dos seus mais de setenta anos. É ele quem conserta tudo na minha casa, um verdadeiro quebra-galho. É só ligar que ele aparece correndo, com as ferramentas na mão, e ainda, de lambuja, compra todo material que é preciso usar. Uma verdadeira mão na roda. E sempre foi assim. Toda visita que chegava de ônibus, ele fazia questão de levá-la em casa, de volta, no seu fusquinha. Um cavalheiro!

Mesmo aposentado, meu pai continua trabalhando. Faz um biscate aqui, outro chamado ali, e lá vai ele reforçar o orçamento doméstico. É mecânico. Especialista em máquinas de padaria. Já faz isso desde muito novinho. Nunca teve outra profissão. E nem precisava!

Mas hoje ele exagerou. Subiu no telhado para verificar de onde vinham as goteiras. O que ele não sabia é que os cupins tinham subido primeiro e se acomodaram nas vigas de sustentação. Nem preciso dizer o resultado dessa aventura... Veio tudo abaixo: pai, cupins, vigas, telhas. Tudo foi amparado pela mesa do almoço. E em que hora imprópria: meio-dia!

Felizmente, os machucados (inúmeros) foram aparentemente superficiais. (Não consegui convencê-lo a ir ao Pronto Socorro! Êta teimosia!!!) Minha sobrinha que almoçava, também se machucou. Minha mãe escapou porque estava na cozinha. Questão de segundos e tudo aconteceu inesperadamente. 

A vida é assim. Fazemos tantos planos e de repente acontece o inusitado e tudo se modifica. No episódio de hoje, todos tiveram sorte. Mas nem sempre é desse jeito.

É preciso estar preparado, sempre, para qualquer eventualidade. Nada é eterno. Nada é imutável. Mas é necessário prever os riscos antes de agir. Algumas situações podem ser evitadas. Em certos casos, o medo é nosso maior amigo. Ele nos protege de nós mesmos e de nossas idéias descabidas. Hoje meu pai subiu no telhado. E poderia ser o começo de uma grande tragédia.

Toma jeito, paizão!!!