sábado, 9 de março de 2013

Furos de pregos na parede

prego

Havia alguns pregos nas paredes da sala. Muitos deles tão altos que nem percebi quando caíram. Ficaram as marcas, alguns inconvenientes furos…

A sala grande e fria, não aconchegava. Entristecia. Não havia vida, apenas vultos e sombras. Mas os pregos assistiam a tudo no alto das paredes.

Por algum tempo, sustentavam quadros. De cima, assistiam a tudo; eram cúmplices silenciosos.

Não eram belos quadros. Não foram escolhidos. Simplesmente impuseram sua presença. Eram frios e opacos, como tudo que compunha a sala. Muitos móveis e objetos desconexos faziam a decoração. Uma mistura que não deu certo. Nunca deu…

Sobravam coisas e pessoas, faltavam sentimentos. Faltava coesão.

E a situação insustentável não se sustentou. Parte dos móveis se foram, assim como todos os quadros do alto das paredes. E ela se tornou maior e menos fria.

Sobrou espaço. Faltaram móveis. Ficaram os furos dos pregos para marcar a presença daquela ausência.

Olho para eles todos os sábados, mas não sinto saudades.

É alívio com, talvez, uma ponta de frustração.

Um dia passa.

flor no chão

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