terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Ser carioca

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(Por Renata Maneschy)

“É duro admitir mas ser carioca é falar sem medir consequências. É dizer "vem" e se assustar com o tocar da campainha.

Ser carioca é não ter hora de ir pra praia nem ter hora pra sair de lá. É de repente nem aparecer. É a cultura da espontaneidade que só quem é, sabe. Só quem mora no Rio, entende. É mudar de opinião, mudar de atitude ao sentir vontade. Desejo, logo faço. Não quero, tudo bem.

É ser sincera ao falar e verdadeiro ao omitir. É viver sem obrigações. Ser responsável com o seu querer.

Me desculpem os paulistas, mas ser carioca é ser natural. É confiar nos próprios instintos.

É encontrar com celebridade na rua e virar o rosto para olhar o pôr-do-sol. É
ser blasé com a própria rotina. É sorrir para o surreal.

É sair para a night de havaianas e cabelo molhado. Ir para o shopping como
quem muda de cômodo. É fazer de tudo uma ida à esquina. É ver o inédito como óbvio. É dizer sim sem balançar a cabeça e depois virar pro lado e dizer: "Ahn?"

Ser carioca é voltar pra casa depois de trabalhar e olhar a paisagem verde. É dormir até tarde sem pressa de viver. Porque a vida está lá fora. A natureza é aqui. Sem pressa, sem compromisso. É apenas sentir.

É gostar de roda de samba na esquina. Sem clube nem turma. É ser amigo do estranho. É ver corpos bonitos passar e poder contemplar a beleza de ser e de estar.

É viver na cidade maravilhosa e não se orgulhar de monumentos. É sorrir para qualquer mendigo na rua. É conhecer barulho de fuzil, ter medo mas não se afligir.

Ser carioca é se permitir.”

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Ser carioca é se reconhecer em cada linha do texto acima, mesmo que more fora do Rio há mais de trinta anos… E morrer de saudades!

Ser carioca é para sempre.

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